Os relatos e indicadores de sofrimento psíquico entre estudantes e profissionais da educação cresceram nas últimas décadas, sobretudo após a pandemia de covid-19. Apesar do esforço de gestores públicos no Brasil e no mundo para mitigar os efeitos dessa crise de saúde mental, as respostas institucionais muitas vezes são pontuais, pouco articuladas e marcadas pela medicalização e individualização dos sintomas, sem a devida articulação com intervenções psicossociais e coletivas.
A ausência de ações e de uma política mais estruturada, somada à predominância de uma lógica corretiva e patologizante, são insuficientes e contrariam o modelo estabelecido pela nossa Constituição, que definiu um modelo de proteção social baseado na universalidade de direitos, na intersetorialidade das políticas e na corresponsabilidade do Estado, das famílias e da sociedade na garantia da dignidade humana.
A partir dessa premissa, a escola pública consolida-se como um espaço estratégico por sua capilaridade territorial, sua presença na rotina das famílias e seu vínculo direto com as crianças, os adolescentes e seus responsáveis. Embora sua missão principal seja pedagógica, a escola também é um ambiente privilegiado de escuta, acompanhamento e cuidado, o que muitas vezes a torna um ponto de detecção precoce de vulnerabilidades, além de um ponto estratégico de articulação com os serviços de saúde, de assistência social, com o conselho tutelar e o sistema de justiça.
O artigo é assinado por representantes do IEPS, do Child Mind Institute (CMI) e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco e pode ser acessao na íntegra aqui.