Os casos de depressão entre jovens de 18 a 24 anos quase dobraram antes mesmo da pandemia, afirmou o pesquisador do IEPS, Matías Mrejen, durante audiência pública realizada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados na última semana. A prevalência da depressão entre jovens nessa faixa etária cresceu de 5,6% em 2013 para 11,1% em 2019. A audiência foi resultado de requerimento da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e contou com a participação dos Institutos Cactus e Veredas.
“Nossas pesquisas reafirmam a importância e a urgência desse debate, que mostrou que já há um consenso que a saúde mental de crianças, adolescentes e jovens deve ser uma prioridade para as políticas de saúde no Brasil”, afirmou Mrejen.
Os impactos da pandemia de Covid-19, da crise econômica e dos altos índices de desemprego não estão restritos ao universo dos adultos e também afetam a saúde mental da juventude brasileira. “A prevalência de casos de depressão já havia dobrado antes da pandemia e a situação pode ter se tornado ainda pior com a crise sanitária e econômica iniciada em 2020. A perda do emprego por um dos pais aumenta a probabilidade de jovens serem diagnosticados com algum tipo de transtorno mental”, explica o pesquisador do IEPS.
Dados apresentados pela diretora-executiva do Instituto Veredas, Laura Boeira, mostram que a pandemia impactou negativamente a saúde mental dos jovens. Durante a audiência pública, ela citou uma pesquisa de 2021 que mostra que 36% dos jovens avaliaram seu estado emocional como ruim ou péssimo naquele momento, o pior da pandemia da Covid-19.
Para Luciana Barrancos, gerente executiva do Instituto Cactus, apesar de ser um período chave para prevenção em saúde mental, a adolescência tem sido negligenciada. “Precisamos olhar agora para a saúde mental dos adolescentes, pois no Brasil temos um bônus demográfico de jovens, que estão adoecidos e em sua maioria sem cuidado. Não cuidar agora sai mais caro para todos”, afirma Luciana Barrancos, que também participou da audiência pública.
Assista a audiência pública na íntegra: