INTRODUÇÃO – A prevalência da depressão entre a população adulta do Brasil cresceu 36,7% entre 2013 e 2019, e atualmente alcança um a cada dez indivíduos com pelo menos dezoito anos de idade. Apesar da dimensão do problema, sete a cada dez adultos com sintomas de depressão não recebem nenhum tipo de tratamento. Para diminuir essa lacuna de tratamento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda incorporar serviços de saúde mental em todos os níveis de cuidado, incluindo a atenção primária. Desde 2008, o Brasil implantou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que têm contribuído para melhorar a oferta de alguns profissionais de saúde mental. Na média, os NASF aumentaram a oferta de psicólogos em 5,4, a de terapeutas ocupacionais em 0,6 e a de psiquiatras em 0,3 profissionais a cada 100.000 habitantes nos municípios brasileiros. A política não teve impactos na mortalidade, hospitalizações e afastamentos pelo INSS relacionados com a saúde mental. No entanto, dados mais detalhados são necessários para mensurar melhor o impacto da política sobre desfechos menos extremos, já que não é possível descartar que o aumento na oferta de profissionais de saúde mental tenha tido efeitos positivos em outras dimensões, como melhora na qualidade do tratamento e qualidade de vida.