O IEPS e a UMANE, duas organizações da sociedade civil voltadas para a promoção da saúde, e o governo do estado do Ceará lançaram nesta segunda-feira (28) o documento orientador do Programa Cuidar Melhor, iniciativa pioneira no Brasil. O programa é um pacto de cooperação entre o estado e seus municípios para implementação de políticas contra as principais causas de óbito entre a população cearense.
O evento teve a participação do Secretário da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha; do coordenador do Programa Cuidar Melhor, Caio Cavalcanti; do Diretor de Políticas Públicas do IEPS, Arthur Aguillar; da pesquisadora de políticas públicas do IEPS, Jéssica Remédios; da superintendente geral da UMANE, Thaís Junqueira; e do Presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Francisco Nilson Diniz. A mediação foi do jornalista Ricardo Gandour.
O Secretário estadual da Saúde, Marcos Gadelha, ressaltou o papel do IEPS no Programa Cuidar Melhor:
“Buscamos justamente parcerias de instituições com expertise para orientar os gestores. O importante é que isso vai ajudar a fortalecer o processo de regionalização da saúde do estado do Ceará”.
O documento orientador, produzido pelo IEPS, oferece caminhos práticos e possíveis para prefeitos, secretários de saúde e demais gestores dos municípios cearenses reduzirem a mortalidade infantil, por Acidente Vascular Cerebral (AVC), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e acidentes de trânsito envolvendo motocicletas. Nele, há também seções de aprofundamento de conhecimentos e exemplos de boas práticas em outros municípios com desafios semelhantes.
“Nós procuramos o IEPS, não só pela expertise, mas também pela identificação em torno de propostas. Um dos projetos anteriores do instituto, o ‘Saúde na Cidade’, por exemplo, já trazia iniciativas que já vínhamos discutindo”, disse o coordenador do Programa Cuidar Melhor, Caio Cavalcanti.
O primeiro passo para a elaboração do documento orientador foi o “Mapeamento de Desafios”, um questionário respondido por todos os 184 municípios e que diagnosticou os principais gargalos da gestão da saúde no estado, entendendo a especificidade de cada região. A partir dos dados, o documento orientador destaca que, para reduzir a mortalidade infantil, a prioridade são as ações voltadas para meninas, gestantes e crianças menores de 1 ano.
Para reduzir a mortalidade por AVC e infarto são listadas práticas no manejo, no rastreio e na prevenção de fatores de risco. Somente metade dos municípios cearenses possuem, segundo seus gestores, uma Política Municipal de Promoção da Saúde, em que a Atenção Primária à Saúde faria o acompanhamento contínuo, na população cearense, de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como hipertensão e diabetes, causadoras de AVC e infarto.
Já para diminuir a mortalidade por acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, o documento propõe a realização de campanhas educativas e a integração de cada município ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), algo que até março de 2021 ainda não existia em 40% das cidades do Ceará.
“Quando a gente olha para o ‘Cuidar Melhor’, é possível ver o potencial de formar um desenho de políticas no Brasil inteiro, uma política nacional, para ser provavelmente replicada em outros lugares”, disse o diretor de políticas públicas do IEPS, Arthur Aguillar.
O Programa Cuidar Melhor também vai investir, nas próximas duas semanas, em formações com os gestores dos 184 municípios cearenses. O objetivo não é apenas se restringir à teoria presente no documento orientador, mas também aplicar os conceitos e sugestões na prática, a partir de um desenho de plano de ação de melhora dos indicadores.
“O Estado tem um papel fundamental de ser indutor e espaço de troca. É uma grande oportunidade para conhecer e testar novas práticas, e aprimorar as já existentes”, disse Thaís Junqueira, superintendente geral da UMANE, entidade parceira do Programa Cuidar Melhor.
Confira a agenda completa de formações nos municípios cearenses