O acesso à Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma das principais ações da Atenção Primária à Saúde (APS), reduz os índices de mortalidade infantil entre a população de menor renda da cidade do Rio de Janeiro. Essa é a conclusão apresentada no artigo “Associations between primary healthcare and infant health outcomes: a cohort analysis of low-income mothers in Rio de Janeiro, Brazil”, publicado neste mês na revista científica The Lancet Regional Health – Americas. O estudo é assinado por Thomas Hone e Christopher Millett, colaboradores associados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em coautoria com pesquisadores de diversas universidades, como University Medical Center Rotterdam, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade de Lisboa.
Para Thomas Hone, a pesquisa demonstra a importância da Atenção Primária para a população, principalmente para as populações de menor renda. “Os achados da pesquisa mostram a importância dos serviços da Atenção Primária para melhorar a saúde da população e para reduzir as desigualdades em saúde”, afirma o colaborador do IEPS.
A pesquisa analisou a utilização das ESF pelas mães cariocas de baixa renda entre 2009 e 2014. O uso da ESF representou maior acesso a consultas de pré-natal, a um menor risco de baixo peso ao nascer e partos prematuros. A redução da mortalidade neonatal e infantil, portanto, estão associadas ao acompanhamento médico adequado durante a gestação.
O estudo destaca ainda que as mães de baixa renda se beneficiam mais do uso da ESF do que as mães de renda mais alta. Isso indica o potencial de redução das desigualdades sociais a partir do acesso adequado à ESF e a contribuição para a saúde infantil das populações de menor renda na cidade do Rio de Janeiro.