Neste vídeo, o antropólogo sanitarista Altair Lira explica porque as internações por doença falciforme cresceram no Brasil.
“No livro ‘Doença das células falciformes’, o Doutor Paulo César Naoum na sua introdução escreve: “Foi justamente o negro africano, que ao padecer de uma enfermidade dolorosa como a doença falciforme, contribuiu com a sua dor, com o seu sangue e com sua morte precoce para o conhecimento científico mais importante sobre a bioquímica, físico-química, genética e biologia molecular das proteínas. Apesar de todo o progresso concebido até o presente, os negros de todo o mundo e, em especial, os negros brasileiros, não conseguiram se beneficiar das conquistas científicas e tecnológicas obtidas com seu próprio sangue”. Esse é o contexto do nosso diálogo. É o contexto de pensar que a doença falciforme, no estudo e na relação com a ciência, ela conseguiu desenvolver e potencializar o desenvolvimento de áreas do conhecimento, mas não serviu para atender as pessoas com doença falciforme”, disse.
“Recentemente, lançamos um boletim, através do IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), eu, Rony Coelho e Manuel Mahoche, e, exatamente esse estudo teve o objetivo de analisar as internações de pessoas com doença falciforme.
Pegamos um período longo, de 2012 a 2023, tentando contribuir com as discussões sobre esse tema. Essa análise mostra, exatamente, porque houve esse número de internamentos: nesse período passou-se de cerca de 10 mil para cerca de 15 mil internações-ano. E isso vai se dar exatamente porque, enquanto uma doença grave, enquanto uma doença crônica, nós vamos ter que considerar a idade das internações, porque as pessoas começam com sequelas extremamente graves no período muito cedo”, disse.
Confira abaixo a participação de Altair Lira no “Pergunte a um pesquisador”, do Nexo Políticas Públicas.