Como fatores eleitorais afetam investimentos públicos em saúde e educação? Essa é uma das questões norteadoras da pesquisa de Beatriz Barros, doutoranda na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Entre março e dezembro de 2022, ela esteve em São Paulo para atuar como pesquisadora visitante do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).
Nascida no Brasil e criada nos Estados Unidos, Barros conta como a experiência no Brasil foi importante para a construção de sua pesquisa.”O Brasil é um ótimo lugar para estudar políticas públicas por causa do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela disponibilidade de dados”, explicou.
Em entrevista para o IEPS Entrevista, a pesquisadora destaca sua temporada no IEPS como uma oportunidade para conhecer novos colegas, para dialogar com comunidade intelectual do IEPS e aprender mais sobre pesquisas com impacto social.
Confira a entrevista completa:
IEPS: Como começou sua relação com o Brasil e porque escolheu o país para um intercâmbio de pesquisa?
Beatriz Barros: Eu nasci no Brasil e me mudei para os Estados Unidos ainda jovem, mas voltava frequentemente ao país durante as férias para visitar o meu pai e a minha família. Durante esses anos, sempre fui muito interessada nas diferenças entre as políticas públicas dos dois países, principalmente na educação e na saúde. Eu gostava de conversar com meus primos que viviam no Brasil sobre as escolas onde estudavam para comparar as nossas experiências. Sempre quis passar mais tempo no Brasil e a carreira acadêmica me permitia isso, então tomei essa decisão ao escolher minha pesquisa.
IEPS: Quais atividades você realizou e como era seu dia-a-dia de trabalho no IEPS?
BB: Consegui uma bolsa do Programa Fulbright que me deu a oportunidade de morar no Brasil. Iniciei as atividades de forma remota, mas sempre em contato e trocando ideias virtualmente com a equipe. No dia-a-dia, pude realizar entrevistas e coletar dados e documentos de origem primária. A equipe da Diretoria de Pesquisa do IEPS foi essencial para que eu pudesse compreender os sentidos e contextos dos muitos dados de saúde que existem no país.
IEPS: E como essas tarefas que você realizou durante o estágio no IEPS se relacionam com a pesquisa que você desenvolve na sua universidade?
BB: Minha tese explora como fatores eleitorais afetam os investimentos nas redes de atenção básica, principalmente na saúde e educação. Na pesquisa, tento entender como as causas políticas podem contribuir para o alto número de obras paralisadas e inacabadas na saúde, por exemplo. O Brasil é um ótimo lugar para estudar políticas públicas por causa do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela disponibilidade de dados, então estar no IEPS foi muito importante para o desenvolvimento da pesquisa.
IEPS: Pessoalmente, como foi a experiência de estar no Brasil durante o intercâmbio?
BB: Eu adoro o Brasil e sempre desejo voltar. Apesar de ser brasileira e de ter visitado o país muitas vezes ao longo da vida, esta foi minha primeira vez morando no Brasil. Eu tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas interessantes, comer comidas espetaculares e conhecer partes do país que eu nunca tinha visto antes.
IEPS: Quais conselhos você daria para outros pesquisadores que estão considerando fazer estágio no IEPS?
BB: Simplesmente isso: faça o estágio! O IEPS é cheio de pessoas inteligentes, simpáticas e ótimas no trabalho. Você vai fazer grandes amizades e contribuir para uma instituição onde pessoas realmente acreditam na missão. Estar no IEPS é um ótimo aprendizado sobre como realizar pesquisas com impacto social.