IEPS participa de congresso sobre jornalismo investigativo
Pesquisadores do IEPS ministraram uma oficina sobre as funcionalidades e potencialidades do IEPS Data para a rotina de jornalistas. Foto: Divulgação/IEPS
Pesquisadores do IEPS ministraram uma oficina sobre as funcionalidades e potencialidades do IEPS Data para a rotina de jornalistas. Foto: Divulgação/IEPS
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O Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) fez parte da programação da 18ª edição do congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). O IEPS participou da palestra “Saúde pública no pós-pandemia: por que você não deve abandonar essa pauta?”, realizada na última sexta-feira (30/06), e da oficina “Descomplicando a análise de dados de saúde dos municípios brasileiros”, realizada no domingo (02/07). O congresso é um dos mais importantes encontros de jornalismo da América Latina e contou com mais de 100 atividades.

Renato Tasca, consultor sênior do IEPS, participou da palestra ao lado de Evelyn Santos, coordenadora de projetos na Umane, Carlos Orsi, editor-chefe da Revista Questão de Ciência e Cláudia Colucci, repórter especial da Folha de S.Paulo. Os palestrantes debateram a importância da mobilização jornalística na cobertura da saúde pública mesmo após a pandemia da Covid-19. 

Renato Tasca destacou três razões para o tema permanecer no radar dos jornalistas brasileiros. Além da Covid-19 continuar existindo e infectado pessoas e da necessidade de conscientização e engajamento da sociedade em prol da vacinação, Tasca destacou os impactos da crise sanitária sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). “As contas abertas da pandemia precisaram ser pagas, não podemos ignorar os impactos da pandemia no sistema público de saúde”, enfatizou o consultor do IEPS, que pontuou os impactos sociais e econômicos da crise sanitária, o crescimento de casos de depressão e ansiedade e o represamento de procedimentos de saúde, como cirurgias e transplantes. 

IEPS participa de congresso sobre jornalismo investigativo
Renato Tasca, consultor sênior do IEPS, durante palestra realizada na última sexta-feira (30/06) no 18º congresso da Abraji . Foto: Divulgação/Abraji

Evelyn Santos apresentou os dados da segunda edição do Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), estudo de monitoramento dos fatores de risco para doenças crônicas no Brasil, lançado um dia antes da palestra (29/06). A pesquisa destacou uma piora nos hábitos de saúde, especialmente entre as pessoas mais jovens, na faixa etária entre 18 e 24 anos.

“O Covitel é uma amostra representativa do Brasil e de suas grandes regiões. São dados muito recentes e importantes para endereçar políticas públicas. A carga de doenças entre os jovens é bastante preocupante para o sistema de saúde e as soluções são tão complexas, quanto o problema”, explicou Evelyn Santos. A representante da Umane também enfatizou a importância de entender os hábitos da população a partir de uma perspectiva ampla e social.

“Não podemos apenas culpabilizar o indivíduo, é preciso pensar nos determinantes sociais que levam as pessoas a adotarem algumas práticas e hábitos. As políticas públicas precisam tornar as condições de vida mais favoráveis para que as pessoas possam viver melhor”, defendeu.

IEPS participa de congresso sobre jornalismo investigativo
Renato Tasca, consultor sênior do IEPS, Claudia Colucci, jornalista de saúde da Folha de S. Paulo, e Evelyn Santos, coordenadora de projetos da Umane, durante palestra no 18º congresso da Abraji.

Já Carlos Orsi, que participou da palestra de forma remota, destacou a perda da sobriedade e do afinco adquirido pelo jornalismo durante a pandemia.”O que estou percebendo é que há uma perda da perspectiva responsável que o jornalismo mostrou durante a pandemia. Estamos deixando de lado o que aprendemos nos últimos anos e seria uma pena se a única lição duradoura da pandemia fosse só a importância do SUS. Precisamos ter atenção e apreço pela boa evidência científica, se não toda defesa do SUS será incompleta”, afirmou Orsi. 

Oficina IEPS Data: uso de dados de saúde para reportagens jornalísticas

Já a oficina “Descomplicando a análise de dados de saúde dos municípios brasileiros”, realizada no último domingo (02/06) durante a 5ª  edição do Domingo de Dados, apresentou as funcionalidades e potencialidades do IEPS Data para a rotina jornalística. 

Helena Arruda e Matías Mrejen, pesquisadores do IEPS, apresentaram a ferramenta, demonstrando as possibilidades de visualização, downloads e interpretação dos dados para os participantes da oficina. 

“O IEPS Data foi pensado para facilitar o acesso aos dados de saúde no Brasil. A ferramenta nos diz como os indicadores podem ser utilizados e o que eles significam, permitindo que os usuários estejam munidos de todas as informações necessárias para reportagens jornalísticas”, disse Helena Arruda, ao destacar a facilidade no manejo da plataforma. 

IEPS participa de congresso sobre jornalismo investigativo
Helena Arruda, pesquisadora do IEPS, apresentando o IEPS Data durante a oficina “Descomplicando a análise de dados de saúde dos municípios brasileiros” realizada no Domingo de Dados

Ana Carolina Moreno, jornalista de dados sênior da TV Globo, que também ministrou a oficina, compartilhou a experiência na produção da reportagem “69% das cidades da Grande São Paulo tiveram queda na cobertura vacinal para poliomielite”, produzida pelo telejornal  SP1, da TV Globo, em 2022 com dados coletados no IEPS Data. 

“Os resumos que a plataforma fornece explicam o que são os dados e isso é muito importante para saber exatamente o que eles mostram ou não mostram. Uma plataforma como essa, que garante dados ‘mastigados’ e de fácil acesso é essencial para os jornalistas que estão no ritmo acelerado da redação”, afirmou. 

A jornalista descreveu o processo de seleção e organização dos dados, ressaltando a importância de um olhar crítico sobre o uso das informações disponíveis na plataforma e na construção das pautas jornalísticas. Durante toda a oficina, os participantes puderam experimentar o uso da plataforma,  e tirar dúvidas com os pesquisadores.