Pesquisadores do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) estão em Salvador, Bahia, para o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). O evento começou no dia 19 de novembro com atividades pré-congresso e vai até a próxima sexta-feira (24/11). O Abrascão, como é conhecido o congresso, é um dos principais eventos sobre saúde coletiva do país e reúne pesquisadores, profissionais de saúde e instituições de todo o Brasil.
Para Rudi Rocha, diretor de pesquisa do IEPS, a participação em congressos como o da Abrasco é uma etapa importante da construção de pesquisas em saúde. “O diálogo e a integração com outros pesquisadores e instituições é uma oportunidade para apresentarmos nossos estudos e diagnósticos, mas também uma forma de colocar nossa produção em perspectiva e conhecer novas abordagens e temas sobre o sistema de saúde brasileiro”, explica Rocha, que levou para o congresso o debate sobre a oferta de médicos no Brasil e o impacto do mercado privado de serviços de saúde sobre o Sistema Único de Saúde (SUS).
A participação do IEPS teve início no primeiro dia de pré-congresso com a oficina Estratégias para o fortalecimento da regionalização da Saúde no SUS organizada em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil e com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). O objetivo da atividade foi debater as alternativas para aprimorar a regionalização do SUS, reduzindo as disparidades territoriais e garantindo o funcionamento integrado da rede de atenção à saúde. Arthur Aguillar, diretor de políticas públicas do IEPS, e Renato Tasca, consultor do IEPS, representaram o instituto na primeira etapa da oficina.
Os pesquisadores do IEPS participam de diversas atividades do Abrascão até o último dia de evento. Abaixo algumas apresentações que já foram realizadas no congresso e que podem ser conferidas na íntegra.
Pesquisadores do IEPS fortalecem debate sobre saúde mental no Abrascão
Os métodos e os principais resultados do artigo “Socioeconomic and racial/ethnic inequalities in depression prevalence and the treatment gap in Brazil: A decomposition analysis”, publicado recentemente no periódico internacional SSM – Population Health, foram apresentados por Matías Mrejen, pesquisador do IEPS, nesta segunda-feira (21/11) no primeiro dia do Abrascão. O artigo é assinado por Mrejen em co-autoria com Rudi Rocha, diretor de pesquisa do IEPS, e Thomas Hone, do Imperial College London, e identificou lacunas preocupantes no tratamento da depressão no Brasil entre 2013 e 2019.
O estudo mostra que mais de 70% dos brasileiros com depressão não receberam nenhum tipo de tratamento em 2019. O estudo aponta ainda que as lacunas de tratamento são maiores entre pessoas negras e pobres, além de apontar para disparidades regionais.
Mrejen também apresentou o trabalho Unmet need for healthcare and medications in Brazil: the role of private health insurance and socioeconomic inequalities, que avalia as necessidades não atendidas da população por serviços de atenção à saúde em 2019 e as necessidades não atendidas na aquisição de medicamentos no período de 2013 e 2019. A pesquisa utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e também quantificou os fatores que podem estar associados às desigualdades de acesso à serviços de saúde e medicamentos no Brasil.
Além do pesquisador do IEPS, a pesquisa é assinada em co-autoria com Maíra Coube, da Fundação Getúlio Vargas e bolsista de doutorado do IEPS, e Zlatko Nikoloski e Elias Mossialos, ambos da London School of Economics.
Çarê-IEPS apresenta um relato de pesquisa sobre saúde da população negra
O pesquisador Rony Coelho e a pesquisadora Gisele Campos, integrantes da Cátedra Çarê-IEPS, apresentaram também nesta segunda-feira um levantamento sobre a produção científica e acadêmica sobre a saúde da população negra. A comunicação O campo de estudos sobre saúde da população negra no Brasil: uma revisão sistemática integrativa dos estudos nas ciências da saúde pública e coletiva fez parte do eixo temático “Interseccionalidades, lutas sociais e direitos humanos na saúde” do Abrascão e é um relato de pesquisa sobre uma das primeiras atividades da cátedra realizadas em 2022.