SUMÁRIO EXECUTIVO – 1) Neste estudo, analisamos o processo de envelhecimento da população brasileira. Esse envelhecimento populacional traz desafios para o sistema de saúde e a sociedade: a percepção sobre o estado de saúde piora com a idade, a composição da carga de doenças muda e aumentam a utilização de serviços de saúde e a demanda por cuidados no domicílio; 2) O envelhecimento da população brasileira está acontecendo de forma acelerada. A participação da população de idosos na população total vai passar de 10% a 20% em um período muito menor do que o observado em países desenvolvidos. Ao ritmo atual, o percentual de idosos na população brasileira deverá superar o percentual de crianças por volta de 2031; 3) Entre 1998 e 2019, houve uma tendência à melhoria da qualidade de saúde autoreportada da população de idosos. Em 2019, o percentual de idosos com 80 ou mais anos de idade reportando estado de saúde bom ou muito bom era similar ao valor entre idosos de 65 a 69 anos de idade em 1998; 4) Para quase todas as dimensões estudadas, existe um gradiente persistente que indica que idosos com menor renda apresentam pior saúde. Entre idosos do quintil de renda mais elevada com mais de 75 anos, a saúde é similar, e em alguns casos melhor, se comparado àquela de idosos entre 10 e 15 anos mais novos pertencentes aos quintis de menor renda; 5) Entre 1998 e 2019, houve uma tendência à melhoria do acesso a serviços de saúde. Enquanto aumentou marcadamente a proporção da população de idosos que realizaram uma consulta médica no ano prévio, caiu a parcela que precisou ser hospitalizada; 6) Idosos dos quintis de menor renda da população têm menores probabilidades de terem consultado um médico no último ano, mas maiores probabilidades de terem precisado de cuidados de emergência no domicílio, o que aponta a existência de desigualdades de acesso; 7) O perfil dos domicílios brasileiros vem se modificando com o envelhecimento da população. Entre 1998 e 2019, aumentou a parcela da população residindo em domicílios com idosos e a parcela de idosos residindo em domicílios exclusivamente de idosos; 8) Quando idosos têm limitações funcionais para tomar banho, comer ou realizar atividades similares da vida diária, a ajuda para realizar essas atividades é provida geralmente por membros da família, principalmente nas famílias de menor renda; 9) A provisão de cuidados no domicílio parece prejudicar a posição das mulheres no mercado de trabalho: elas têm maior probabilidade de realizar tarefas de cuidado pessoal no domicílio quando há idosos com limitações funcionais e tais tarefas estão relacionadas a menores probabilidades de elas estarem ativas no mercado de trabalho, bem como a uma diminuição na quantidade de horas trabalhadas; e 10) Apesar desse cenário, o sistema de saúde do Brasil está pouco preparado para lidar com esse processo de envelhecimento. A disponibilidade de recursos humanos e físicos especializados no cuidado de idosos é baixa e não tem crescido na última década. Esse despreparo pode afetar não somente os idosos, mas também os membros de suas famílias responsáveis pela provisão de cuidados, que recaem de forma desproporcional sobre as mulheres.

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