INTRODUÇÃO – Nesta nota temos como objetivo examinar a heterogeneidade existente nas taxas de mortalidade no Brasil entre municípios, ao longo do tempo. Importante destacar que utilizaremos taxas sem ajustes por idade. Ou seja, não temos como objetivo avaliar a saúde da população, mas discutir a heterogeneidade existente na demanda local por serviços de saúde a partir do perfil da mortalidade. Mais especificamente, em primeiro lugar, mapeamos taxas de mortalidade em nível municipal em dois pontos do tempo, 2000-2002 e 2015-2017, com base nos microdados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Datasus (SIM/Datasus). Fazemos isso em uma perspectiva comparada internacional com base nos dados do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME). Em segundo lugar, definimos um índice de fracionalização da mortalidade, de modo a mapear quão diversas são as causas de óbito em cada município. Isso é relevante uma vez que a heterogeneidade na demanda por serviços pode trazer mais complexidade ao sistema de saúde, ao demandar uma resposta também mais heterogênea em termos de recursos físicos, humanos, medicamentos e gestão. Em terceiro lugar, mapeamos os municípios mais vulneráveis e que têm enfrentado taxas de mortalidade mais heterogêneas – municípios com renda per capita relativamente mais baixa e que enfrentam taxas de mortalidade relativamente mais altas e com maior variação por causas como mencionamos à frente, espera-se que estes municípios lidem simultaneamente com uma demanda por serviços de saúde complexa e uma capacidade de entrega relativamente mais limitada. Por fim, documentamos que uma parte importante da mortalidade pode ser reduzida caso os óbitos por condições sensíveis à atenção primária sejam eliminados. Isso significa que uma atenção primária com alta resolutividade pode ser instrumental para que os municípios, principalmente os mais vulneráveis, enfrentem de modo mais efetivo e equitativo os desafios que a transição epidemiológica lhes tem apresentado.

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