Roraima e Rio de Janeiro lideram ranking de mortalidade por causas evitáveis
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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O estado de Roraima, na região Norte do país, e o Rio de Janeiro, no Sudeste, apresentaram as piores taxas de mortalidade ajustada por causas evitáveis em 2021, segundo o Boletim IEPS Data n. 1 de Mortalidade e Morbidade. Os estados apresentam, respectivamente, uma taxa de 120 e 117 óbitos por 100 mil habitantes. Acre e Mato Grosso do Sul também apresentam valores elevados, com 112 e 110 óbitos por 100 mil habitantes, respectivamente. “Mortalidade ajustada por causas evitáveis” é um dos indicadores do IEPS Data, e se refere a causas de óbito que poderiam ser evitadas por ações efetivas do sistema de saúde.

Para Matías Mrejen, pesquisador do IEPS e um dos coautores da pesquisa, o monitoramento desse indicador tem duas grandes vantagens para as análises comparativas entre diferentes regiões, estados ou municípios. “Em primeiro lugar, ele inclui somente óbitos que poderiam ser evitados por ações de serviços de saúde, considerando as causas do óbito e a idade do falecido. Em segundo lugar, o indicador é calculado realizando um ajuste etário que permite comparar, de forma equitativa, locais com diferentes estruturas populacionais”, explica Mrejen. 

No caso de hospitalizações por causas sensíveis à Atenção Primária (CSAP), o Nordeste reúne o maior e o menor índice do país. Em 2021, o estado do Maranhão apresentou o pior índice com 1.287 hospitalizações por 100 mil habitantes. Já Sergipe apresentou o menor índice de hospitalizações por CSAP no período com 471,1 hospitalizações por 100.000 habitantes.

Entre 2010 e 2019, um ano antes da pandemia de Covid-19, houve uma tendência de queda nas taxas de mortalidade por causas evitáveis nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, enquanto o Norte e o Nordeste apresentaram leve aumento. Em 2021, segundo ano da pandemia, a taxa total de mortalidade ajustada apresentou um crescimento expressivo em todo o país em relação aos anos anteriores à crise sanitária. 

Por outro lado, as taxas de hospitalizações por CSAP apresentaram forte queda em todo o país em 2020. Segundo o Boletim IEPS Data n. 1, a tendência de queda entre 2019 e 2021 pode estar relacionada em grande parte à redução generalizada nos níveis de produção no Sistema Único de Saúde (SUS) durante a pandemia. 

30% dos municípios do centro-oeste apresentaram as taxas mais elevadas de mortalidade por causas evitáveis

O Centro-Oeste do Brasil apresentou o maior percentual de municípios na faixa com os valores mais elevados de mortalidade ajustada por causa evitáveis: 30% das cidades da região estavam nesta faixa em 2021. Já a região Sul foi a que apresentou o menor percentual, com 19% de municípios nessa faixa, e também o maior percentual de cidades na menor faixa de mortalidade por causas evitáveis, com 33% dos seus municípios nessa faixa.

Segundo Helena Arruda, pesquisadora do IEPS e coautora da pesquisa, os dados do boletim mostram as desigualdades regionais que afetam a saúde e ajudam a compreender os impactos da pandemia nas taxas de mortalidade e hospitalização. “O aumento da mortalidade e a diminuição nas taxas de hospitalização são bastante reveladores sobre o que a crise sanitária representou para a população e para o sistema de saúde brasileiro. Mais pessoas morreram e menos serviços de atenção à saúde puderam ser entregues”, aponta a pesquisadora. 

Acesse esses e outros indicadores de saúde em iepsdata.org.br