Em 2019, a saída repentina de médicos cubanos do Brasil, após o fim do Programa Mais Médicos, reduziu os serviços de saúde relacionados às doenças crônicas. Essa é uma das conclusões do Texto para discussão n.18 Doctor Turnover and Health Outcomes: Evidence from the Exit of Cuban Doctors in Brazil publicado este mês pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). A pesquisa é assinada por Rudi Rocha, diretor de pesquisa do IEPS, Stefan Sliwa Ruiz, da Universidade de Groningen, Malte Becker, do Kiel Institute For The World Economy, e Thomas Hone, do Imperial College London.
Segundo o estudo, a saída dos médicos cubanos causou uma forte diminuição no cuidado de doenças crônicas. O estudo destaca que houve uma despriorização no cuidado contínuo em saúde, relacionado à prevenção e detecção precoce das doenças crônicas. Segundo a pesquisa, a rotatividade de médicos pode agravar desafios relacionados a diagnósticos, tratamentos e prevenções de doenças como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas.
Apesar desse impacto, os sistemas de saúde locais conseguiram se adaptar à descontinuidade do Programa Mais Médicos, que foi interrompido em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O estudo aponta que a rotatividade dos profissionais de saúde e substituição dos médicos não levou a um aumento de hospitalizações, mortalidade ou impactou os serviços de cuidados imediatos, como o tratamento de doenças infecciosas.
O estudo ainda aponta que, neste período de rotatividade médica, houve um aumento no uso de serviços de pronto-atendimento para tratamentos de baixa complexidade. Além de ineficiente, a substituição de serviços de atenção primária por serviços de urgência e emergência é prejudicial à construção de relacionamentos de longo prazo entre médicos e pacientes, essencial para um cuidado em saúde efetivo.
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