Impressionante e inovador. Foi assim que Stefan Sliwa classificou a sua experiência como pesquisador visitante do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), entre outubro e dezembro de 2022. Sliwa é doutorando em Economia Política na University of Groningen, na Holanda, e pesquisa a avaliação e a eficácia de políticas públicas na América Latina.
Na mais nova edição do IEPS Entrevista, o pesquisador contou sobre sua trajetória acadêmica e descreveu a importância do intercâmbio para o Brasil na sua formação. “Minha experiência fazendo pesquisa no país foi impressionante. Estar no Brasil permite que você tenha contato com pessoas que têm outra visão sobre os temas que estamos interessados. A forma de pensar é muito inovadora, diferente”, afirma.
Sliwa destaca ainda a qualidade da pesquisa feita no país e o clima colaborativo da equipe do IEPS. Para ele, estar ao lado de pesquisadores interessados e cooperativos foi uma experiência inspiradora. “Para mim, voltar para o Brasil é sempre uma maravilha”, diz.
Confira a entrevista completa:
IEPS: Conte um pouco sobre sua trajetória acadêmica, como você começou a se interessar pela pesquisa acadêmica?
Stefan Sliwa: Sempre me interessei em pensar a sociedade e as conexões humanas. Durante minha graduação, na Alemanha, estudei “Estudos Culturais”, mas logo percebi que gostaria de algo que me desafiasse mais. Foi aí que encontrei a economia e pude satisfazer minha curiosidade sobre temas sociais, enquanto me desafiava a entender mais sobre matemática e estatística. A economia me permite capturar o compromisso com questões sociais através de metodologias rígidas e baseadas em números.
IEPS: Como começou sua relação com o Brasil?
SS: Depois de me formar no ensino médio, na Alemanha, fui para os Estados Unidos fazer um intercâmbio na Disney World. Lá, tive contato com pessoas de diversas nacionalidades, inclusive muitos brasileiros. Comecei a ter mais interesse pelo Brasil e sua cultura e quis conhecer o país na primeira oportunidade, que aconteceu durante minha graduação, em 2014, quando fiz um intercâmbio para o país. Morei em Curitiba durante um período e consegui aprender português. Depois de formado, em 2016, tive a possibilidade de retornar para trabalhar. Morei por mais um ano no país, dessa vez em Brasília, trabalhando no KfW Development Bank, um banco de desenvolvimento do governo alemão. Foi o que precisava para me apaixonar ainda mais pelo Brasil.
IEPS: E como o país passou a fazer parte da sua trajetória acadêmica?
SS: Depois de trabalhar no Brasil, voltei para a Alemanha para fazer um mestrado em economia do desenvolvimento e economia internacional. Eu sabia que queria fazer pesquisa sobre América Latina e sobre o Brasil, então entrei em contato com o Malte Beckler, que já era meu amigo, e começamos a pensar juntos possíveis temas de pesquisa. Sempre me interessei no Programa Mais Médicos e na presença de médicos cubanos no Brasil, então decidimos que nossa pesquisa seria sobre isso. Produzimos alguns artigos sobre o tema e, agora, a pesquisa também vai integrar uma parte da minha tese de doutorado, que trata da eficácia de políticas públicas na América Latina.
IEPS: Como foi o processo para ser pesquisador visitante no IEPS?
SS: Por causa do tema da pesquisa, eu e Malte Beckler fizemos contato com Thomas Hone, um pesquisador inglês que é colaborador do IEPS. Ele nos apresentou o Rudi Rocha, diretor de pesquisa do IEPS, e Rudi nos convidou para sermos pesquisadores visitantes e passarmos 5 semanas no Brasil.
Aprendi muito no dia-a-dia do IEPS, foi inspirador estar ao lado de pesquisadores excelentes, interessados e cooperativos, que sempre pensam em ajudar e contribuir com a equipe.
IEPS: Como era seu dia-a-dia no IEPS?
SS: No IEPS as pessoas são muito colaborativas. Pude trabalhar no escritório em São Paulo, junto com outros pesquisadores que já conheciam bem meu tema de pesquisa, por isso eles me ajudaram a entender e interpretar os dados massivos do Brasil. Aprendi muito no dia-a-dia do IEPS, foi inspirador estar ao lado de pesquisadores excelentes, interessados e cooperativos, que sempre pensam em ajudar e contribuir com a equipe.
IEPS: Qual a importância dessa experiência para sua trajetória acadêmica?
SS: Minha experiência fazendo pesquisa no país foi impressionante. Nós temos uma forma de pensar que às vezes é muito europeia, nosso ensino é muito eurocentrista. Estar no Brasil permite que você tenha contato com pessoas que têm outra visão sobre os temas que estamos interessados. A forma de pensar é muito inovadora, diferente. Não fomos ao país para ensinar, mas sim para aprender e construir um conhecimento e expertise baseados nos fatos e na vida real, fora da teoria.
O Instituto de Estudos para Políticas de Saúde é um hub de pesquisa e busca consolidar essa vocação através de seu Programa de Pesquisadores Visitantes e Estágios. Pesquisadores de diversos países e universidades podem desenvolver projetos e colaborar com a equipe do IEPS durante períodos específicos.