Avaliação da qualidade na Atenção Básica de Recife é tema de artigo de pesquisadores do IEPS
Upinha Tasso Bezerra (Chié I e II), no bairro Campo Grande em Recife. Foto: Andrea Rego Barros/ PCR
Upinha Tasso Bezerra (Chié I e II), no bairro Campo Grande em Recife. Foto: Andrea Rego Barros/ PCR
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A experiência na construção de um sistema de avaliação e de monitoramento da qualidade da Atenção Básica em Recife foi compartilhada no artigo “Construindo capacidade de avaliação da qualidade na atenção básica: a experiência do Recife Monitora”, assinado por Caio Rabelo, gestor do projeto do IEPS em Recife, e Agatha Eleone, analista de políticas públicas do IEPS. O artigo foi publicado no periódico APS em Revista e apresenta um relato de experiência dos pesquisadores responsáveis do Recife Monitora, uma das frentes de trabalho do projeto Qualifica Atenção Básica

No artigo, os pesquisadores descrevem o processo de discussão que fundamentou a construção do sistema de avaliação, as fases e os eixos avaliativos do Recife Monitora e os parâmetros utilizados para certificar as equipes de saúde. Para Caio Rabelo, o relato de experiência pode servir de inspiração para outros municípios e outras iniciativas semelhantes Brasil afora.

“A construção de sistemas de avaliação não é algo simples e depende da realidade de cada território. Apesar disso, além de apresentar os processos que envolveram a construção desse sistema em Recife, nosso relato pode ser útil para inspirar outras iniciativas e abrir diálogo com gestores e profissionais de saúde de outras regiões”, afirma o gestor do projeto do IEPS em Recife.

Construção do sistema avaliativo do Recife Monitora envolveu gestores e profissionais da rede

Um dos pressupostos do Recife Monitora é o diálogo com atrizes e atores locais em todas as etapas de construção do projeto. Segundo Agatha Eleone, essa proximidade com quem atua no território é indispensável para criar modelos e soluções realmente efetivas. 

“O contato com quem pensa, constrói e vivencia a Saúde no município é fundamental para criarmos estratégias de avaliação conectadas com a realidade local. A abordagem ‘bottom up‘, que leva em consideração as necessidades e perspectivas reais das pessoas afetadas ou envolvidas é uma das vantagens do Qualifica AB, que foi pensado em conjunto com gestores e profissionais que conhecem o cotidiano das equipes de saúde da família”, explica a analista de políticas públicas do IEPS. 

O projeto foi cocriado com a gestão municipal e sua concepção envolveu a definição de objetivos, metas, eixos de atuação e fases do projeto. Houve também a criação, em parceria com a Gerência Geral de Tecnologia da Informação (GGTI) da Secretaria de Saúde do Recife, de ferramentas de coleta de dados para receber a avaliação da qualidade das equipes de saúde.

O Recife Monitora se organiza em três fases: pacto pela qualidade, avaliação da qualidade e certificação das equipes. Todas as etapas acontecem de forma quadrimestral.  O Pacto pela Qualidade envolve a gestão, equipes de saúde e entidades ligadas ao controle social para estabelecer compromissos indispensáveis para a efetivação dos ciclos avaliativos do projeto. Na Avaliação de Qualidade, a equipe coleta dados para a avaliação das equipes de saúde da família. A última fase, de certificação, é o momento de quantificar, ponderar e converter os dados coletados para um sistema de pontuação que avalia as equipes de saúde da família do município de 0 até 1000 pontos.

Qualifica Atenção Básica

O Qualifica Atenção Básica é um projeto realizado por meio de Acordo de Cooperação Técnica entre o IEPS e a Prefeitura de Recife, que conta com apoio da Umane. O projeto é construído pela equipe do Laboratório de Políticas de Saúde do IEPS e consiste na elaboração de estratégias de reconhecimento, monitoramento e avaliação, e experimentação para garantir novas formas de produzir e gerenciar a saúde no âmbito da Atenção Básica. 

O projeto está estruturado em 3 frentes de trabalho, definidas a partir do mapeamento dos principais problemas da rede e suas respectivas causas. A primeira frente consiste na criação de um programa para avaliar e monitorar a qualidade da atenção básica. A segunda, objetiva cocriar, junto à rede de saúde, inovações assistenciais de alto impacto; e a terceira, visa reconhecer, incentivar e compartilhar boas práticas em saúde.